Hoje tive um dia super produtivo.
Sentei à minha mesa antes das 10h depois de fazer uma mini-faxina em casa. Respondi alguns emails, liguei para algumas parceiras e para outras clientes, respondi à alguns comentários pessoais no Facebook e antes das 11h comecei aquilo que havia programado.
Perto das 15h fiz uma pausa para preparar uma refeição e almoçar e voltei ao trabalho. Terminei tudo agora, meia noite e trinta. Pouco mais que isso.
Nos intervalos entre o almoço e me sentar para escrever este texto eu cortei papel paraná (quem conhece sabe que é grosso e dá uma doída na mão), fiz a lombada com fita, encapei, colei e finalizei com um detalhe fofo 30 unidades de bloquinhos de anotações.
Antes disso, eu já havia cortado todos os tecidos com suas devidas combinações e feito os fuxicos que enfeitam as peças.
Antes disso ainda, ha algum tempo quando criei o produto, desenhei e testei o modelo do bloquinho, readaptei o molde porque o fornecedor que tinha o melhor custo benefício mudou o tamanho do bloco e desenvolvi uma técnica diferente de acabamento para dar uma melhor resistência à peça.
Tudo isso para me render R$ 150,00 BRUTOS, porque não é segredo que cada um deles custa R$ 5,00. Matemática simples, né?
Isso tudo sem contar que para a matéria prima chegar ao meu atelier eu precisei me acotovelar com mil mulheres na 25 de Março e caçar os tecidos mais fofos que o mercado oferece.
De maneira alguma estou reclamando, porque faço meu trabalho com o maior amor do mundo. AMO, mesmo aquilo que faço e não trocaria ele por nenhum outro nesse momento. Digo isso exatamente para ilustrar toda a energia que o artesão coloca na sua peça antes dela chegar à loja, à feirinha ou diretamente às mãos da cliente.
Toda peça artesanal já tem um valor enorme embutido antes mesmo de nascer, que é derivado da criatividade do artesão e isso é o que a diferencia daquelas feitas em série.
Os produtos feitos artesanalmente são únicos. Mesmo que alguém faça uma peça do mesmo modelo ela nunca será exatamente igual justamente pelo que relatei acima. Cada pessoa tem um método, um gosto, uma forma de trabalhar, porém todo artesão coloca no seu produto - seja ele comercializado ou não - um pouco do seu sentimento e é por isso, aliado à qualidade e ao capricho, que você paga quando consome produtos hand made. Cabe ao consumidor decidir se quer ou não, se pode ou não pagar o que está sendo pedido nele.
Então, toda vez que você pegar um trabalho deste tipo pense algumas vezes antes de desdenhar porque ele não está ao seu gosto, ou de dizer que é "facinho de fazer", de dizer que a tia da vizinha da sua mãe sabe fazer melhor, de pedir descontos absurdos que só os coreanos da 25 de Março que compram produtos chineses feitos com mão de obra escrava conseguem dar.
Se você que está lendo isso é artesão, filho de artesão, crafter de final de semana ou mesmo apreciador das manualidades vai entender.
Na foto, os 30 bloquinhos prontos e lindos - sim, porque eu tenho o maior orgulho daquilo que faço. Ah! Esqueci de falar que falta ainda embalar um a um antes de mandar para minha cliente. ;)