23 setembro, 2010

Quer comunicar-se bem? Pergunte-me como

Desde cedo aprendi que a boa comunicação é fundamental para que qualquer tipo de relacionamento prospere, seja ele amoroso, entre pais, irmãos, amigos e até alunos e professores. Se eu não te entendo, interpreto da maneira que quero e nem sempre esta corresponde à verdade. Acho que escolhi cursar comunicação por isso - e por falar mais que minha boca, mas em minha defesa tem gente que fala tanto quando eu e não consegue fazer-se entender.

É fato que o silêncio também abre um leque de interpretações possíveis, já que todo mundo pensa e todo mundo também pensa que sabe o que o outro está pensando. Mas isso não vem ao caso. A idéia aqui comprovar, através do empirismo (desde a faculdade procuro uma forma de usar este termo. Consegui!) que a maneira como as pessoas se comunicam em seu dia-a-dia pode trazer problemas se não for feito com sabedoria.

Quando eu tinha uns 5 anos resolvi escrever um pequeno espetáculo. Chamava-se "O Circo do Palhaço". Deus sabe de onde eu tirei essa idéia. E só Ele mesmo, porque eu não faço idéia. Como sou boa comunicadora, porém não prodígio, não sabia escrever e pedi para a minha mãe redigir o que eu ditava e numa linguagem infantil narrei a ela a história de um palhaço que fazia palhaçadas. Simples assim. Ao final, eu queria dizer quem estrelaria a peça e disse, pausadamente, que o intérprete principal, no caso o palhaço, seria meu pai, que não estava presente para se defender. Digo defender porque aquilo, para minha mãe, pareceu uma ofensa terrível e se recusou a escrever o que eu pedia antes de falar com meu pai, que chegaria à noite do trabalho.

ODEIO desde sempre começar e não terminar as coisas, embora muitas vezes isso aconteça, então chorei por alguns minutos e esperei durante todo o dia meu pai chegar em casa para, assim que ele abriu a porta da cozinha eu correr até ele e falar, atropelando as palavras "pai, vc pode ser palhaço na minha coisa. A mãe não quer escrever. O palhaço é você. Vem escrever pra mim. Palhaço sem cabelo. Pode, pode pode????" Tudo isso nuns 3 milésimos de segundo e saltitando na frente dele. Óbvio que ele não entendeu nada, né?!

Neste dia aprendi que se eu quero que as pessoas me entendam, preciso de ternura e pronunciar as frases de forma concisa e coesa.

Foi este aprendizado que me fez, anos mais tarde, fazer com que todos os presentes na casa de praia de um amigo me entendessem direitinho quando disse, calma e pausadamente: "gente, está pegando fogo aqui", quando a mangueira do gás encostou no fogão, derreteu e o vazamento criou uma labareda enorme perto da pia. Foi um corre-corre enorme pra apagar aquilo, mas tudo na mais perfeita harmonia de ações e palavras. O dono da casa querendo chorar com a cortina chapiscada e eu lá, me comunicando corretamente. Ói que tudo.

Ainda quando era criança, acho que na terceira ou quarta série a professora de ciências entregava as últimas provas do ano já corrigidas, quando um dos garotos que já estavam meio na corda bamba pegou a folha sem olhar a nota e a apertou contra o peito dizendo: "ai, se for D...". Claro que (o paraíba) o filho de imigrantes nordestinos de origem humilde pronunciou aquilo tão rápido e tudo junto, igual tag do twitter que a professora o mandou pra fora achando que ele dizia "RaiSiFudê". O moleque não entendeu nada e repetiu de ano, mas um fato não está ligado ao outro - eu acho.

Mais recentemente pedi para meu pai vir me buscar em casa, porque eu queria levar as cachorras comigo para São Caetano e ele não se importa de fazer esse vai e vem. Minha mãe me liga um dia depois e diz que meu irmão faria isso. No dia marcado chega ele, com um bico imenso por ter abandonado o happy hour da sexta para me levar pra casa.

"Caceta, vc não podia pedir pro pai te buscar?" disse ele.

"Uai, mas eu pedi".

"A mãe disse que vc pediu pra eu vir te pegar porque eu estava mais perto"

Em casa, mais tarde: "Pô, mãe, vc disse pra mim que o Rafael iria me buscar. Achei que ele tinha se oferecido"

"Nããããão... eu pedi pra ele, porque ele tava mais perto" concluiu ela.

"Mas mãe, ele tá bravo comigo. Ele acha que EU pedi pra ele ir me pegar"

"Ahhh, mas foi o que eu disse pra ele. Vc não queria que alguém fosse te pegar?".

Ói minha mãe se comunicando mal e disseminando a discórdia dentro da própria família. Vou te contar, viu?

Update
A tia de uma amiga trabalhava numa empresa onde váirias vezes acompanhava a conversa de duas faxineiras após a limpeza do escritório e frequentemente escutava a frase: "Rá butô greid?". Intrigada e imaginando que elas falavam uma língua estranha, tipo mandarim, ela passou a prestar atenção nisso para entender o significado até que um dia uma luz abriu-se à sua frente e ela, finalmente entendeu que uma faxineira perguntava à outra: "Já botou Gleidy?" referindo-se ao spray com cheirinho para o banheiro!!!

Esse post não tem fim se eu der Update cada vez que me lembrar de uma dessas!!! Fala sério!

2 comentários:

*~* Coisas da Bruxinha *~* disse...

Oi , vim convidar vc a participar do sorteio de um pufe da Brasilazy em meu blog, passa lá ,
Bjs
Leila

Tabata Pitol disse...

Hahahahah sem querer te desanimar...se bem me lembro, vc simplesmente gritou: TÁ PEGANDO FOGO fazendo o dono da casa quase cair da poltrona sem entender nada...não foi a mais clara das comunicações! ;o)

Ah e somos amigas há muito tempo né??? Percebi isso ao ver que estou envolvida em duas histórias do seu post...por fim, para elucidar o poder da comunicação, vc deveria ter contado a história de qdo sua mãe leu seu diário, hahahahah bjs

PS; não tenho tempo de escrever no meu blog :o(